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Je suis un Homme...

Comme ils disent! Onde tudo tem o seu espaço.

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Pride

Orgulhosamente!

Feliz ou infelizmente nos últimos tempos tenho tido uma visibilidade publica maior do que é costume para mim. Claro que esta exposição me tem trazido coisas boas mas também tem os seus dissabores. Tudo isto faz parte quando assumimos ser aquilo que para muitos é visto como algo errado, imoral ou, até, vergonhoso.

 

Terminámos ontem o mês de orgulho Pride. Eu assumi a minha homossexualidade para a minha mãe no Dia Internacional Contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia. O mês de junho é assim dedicado ao orgulho LGBT e esse foi o mês onde a minha orientação sexual se tornou, de alguma forma, pública.

 

Muitos podem nunca entender a importância que isso tem paras poderão nunca entender que esta exposição pode ser uma forma de abrir portas e falar sobre tanta coisa, de uma forma livre, sem medos ou tabus. Quando nos é dada esta oportunidade deveríamos aproveita-la da melhor maneira possível e assim falar sobre temas que ainda são tão, mas tão reais.

 

Falar que ainda existe gente com medo de retaliações, pessoas que vivem com medo de serem abandonadas por quem amam, humanos que ainda são olhados de lado, é uma realidade. Ainda esta semana fui contactado por alguém que quer sair do armário mas que receia perder os que ama, que foi abandonado e bloqueado por amigos nas redes sociais. Esta é ainda uma realidade.

 

Posso afirmar que eu me sinto um afortunado por ter amigos que não me abandonaram, por as pessoas que eu amo não me terem abandonado, por me terem dado todo o apoio que eu necessito. Não posso de maneira alguma dizer que não tenho sorte porque eu tenho-a. Mas existem muitos outros que não. Existem muitos que ainda precisam de medir aquilo que dizem, camuflar palavras, sentimentos, viver uma vida de solidão e segredo.

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Sei que ainda incomodo muita gente por falar sobre este tema, escrever sobre a comunidade LGBT e o ser-se homossexual. Sei que poucos aceitam o facto de eu me ter exposto desta maneira e sei também que isso me vai fechar muitas portas. Mas eu vivi demasiados anos fechado, com medo. Medo por mim, medo pelos meus. Na verdade não é assim tão fácil ser-se um homossexual assumido, principalmente em terras pequenas, e ainda existem muitos com medo de pronunciar essas palavras.

 

Ser-se Queer, Gay, Lesbica, Trans, Pan, o que for não torna ninguém diferente. As pessoas não mudam do dia para a noite, não perdem os seus direitos e deveres. As pessoas não deixam de ser quem são a partir do momento em que se dizem ser A, B ou C. Na verdade essas pessoas vivem depois uma liberdade e um amor maior.

 

Se esta exposição pública me trouxer alguma coisa, que seja a possibilidade de dar voz a tantos e tantas que se sentem, de alguma maneira, reprimidos. Que seja a possibilidade de ouvir e, de alguma forma, ajudar os que por vezes precisam simplesmente de alguém que os ouça, alguém que esteja lá para eles, que saibam que há quem os aceite na sua verdadeira essência.

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O mês do orgulho Pride acabou, o tempo está a passar e amanhã já ninguém se vai lembrar. Mas eu, agora, vou falar mais e mais sobre o assunto, vou mostrar que sou a mesma pessoa de sempre, que o amor tudo cura. Que eu vou estar sempre disponível, mesmo para quem não me conhece. Que os comentários negativos e ofensivos não me vão calar nem fazer parar. Sou mais que isso, sou melhor que isso.