Gosto de ti versão 2.0
Cinco anos depois volto à carga!
Se não dizemos aquilo que sentimos, como seremos capazes de saber aquilo que os outros sentem por nós? Tomamos por garantidas alguns sentimentos sem sequer pronunciarmos as palavras e um dia achamos que é tarde de mais. Que aquelas simples palavras poderiam ter feito toda a diferença.
Ontem, enquanto conversava com um amigo, lembrei-me de um episódio do meu primeiro isolamento social. Aconteceu há 5 anos atrás quando estava isolado nos Hospitais da Universidade de Coimbra depois do meu auto-transplante. Por essa altura o meu confinamento era somente um quarto com pouco mais de 4 metros quadrados: uma janela para a rua, uma janela para as visitas e uma enorme vidraça para o meu vizinho da frente que estava do outro lado e nem lhe conseguia ver a cara. Claro que nenhuma destas janelas abria e aquele espaço era só visitado pelo “ET” (como eu lhes chamava).
Esse foi um dos momentos mais difíceis para mim porque para além dos 4 canais televisivos eu não tinha muito mais, a não ser uma ligação à Internet que nem para ver filmes dava, uma meia dúzia de livros e alguns cadernos para escrever. As minhas visitas eram recebidas com um vidro a separar-nos. Não havia nem abraços, nem beijos. Mas nem tudo era mau porque a comida não era má e era mimado com alguns croissants e gelados. Mas tinha que tomar banho à cão. No fundo, pesados os prós e os contras, não posso dizer que foi assim tão mau. O mais difícil foi sem dúvida estar longe da família, ter que os receber com um vidro a separar-nos. Faltaram os beijos obrigatórios à minha mãe, o beijo ao meu pai, aquele abraço ao amigo que nos surpreende, tanta coisa...
Mas, preso entre quatro paredes, decidi um dia fazer um pequeno vídeo para dar os bons dias. Durante alguns dias eu decidi que as pessoas tinham que ler o meu blogue logo às 8 da manhã, porque eu acordava as 7 e às oito tinha um texto no blogue que escrevia na altura.
Então, nesse domingo, escolhi uma música, preparei uma quantidade de papéis e pus-me a gravar, esperando que o ET não entrasse no meu quarto e achasse que eu era mais maluco que o que ela já pensava. Partilhei esse vídeo no Facebook que teve uma adesão fantástica, nem eu sei como foi possível. E, depois desse filme, tirei uma foto e decidi envia-la para todas aquelas pessoas que me eram de alguma forma especiais. Enviei para que, de alguma forma, essa pessoa soubesse que eu gostava dela.
Hoje, cinco anos depois, encontro-me novamente em isolamento social e tive a ideia de voltar a escrever num papel as palavras “Gosto de ti!” e tirar uma foto. Essa mesma foto vai ser enviada para aqueles de quem gosto, fazendo-os saber que me são especiais. Pequenos gestos podem fazer grandes diferenças.
E, fica aqui o pequeno desafio: porque não fazeres algo idêntico? Não te vais arrepender, de certeza! Partilha com o hasteg #gostodeti!