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Je suis un Homme...

Comme ils disent! Onde tudo tem o seu espaço.

Je suis un Homme...

Comme ils disent! Onde tudo tem o seu espaço.

Efeméride temporal

Queria perpetuar-me num tempo que não é mais meu. Queria criar raízes que me permitissem ir mais além. Queria memórias que me perseguissem, que não me deixassem perdido num total abandono. Queria um mundo meu onde a vida não mais cessaria e seriamos eternamente nós.

 

Mas o mundo não é justo segundo as nossas medidas. O mundo nunca é aquilo que desejamos que seja. Não somos feitos para este mundo mortal onde reside eternamente a fugacidade, onde não há o eterno nem o para sempre. Na verdade, o que é esse para sempre? Nada, somente o fútil e o desconexo.

 

Eis-me perdido, mergulhado no meu sofá com a leitura pendente na mesa onde apoio os meus pés e o copo de vinho, meio cheio, reside na esperança de se tornar vazio ou cheio. Talvez não seja o vazio material mas sim o vazio que existe dentro de mim. Não quero novamente mergulhar num estado de melancolia e tristeza. Quero a vida, quero viver, fazer acontecer, mergulhar-me em experiências para as quais me sinto totalmente aberto. Mas isto é tudo tão difícil.

 

Penso na liberdade enorme que sentem os pássaros em poderem voar na liberdade do céu azul, pousar no topo de uma árvore e olharem o mundo desde o topo, com a vista mais maravilhosa que poderíamos imaginar. Mas depois faltam-me as pessoas, as suas experiências, as suas vontades e vidas. As pessoas que tanto me magoam mas que eu sempre preciso.

 

Para onde irá o amanhã neste tão certo dia em que vivo? Para onde viveremos na eternidade se o mundo é passageiro? Quantas as questões permanentes na nossa cabeça a que ninguém saberá responder, porque são questões só nossas, inexplicáveis e para as quais nunca teremos as respostas necessárias?

 

Meio copo vazio, a leitura sem lhe tocar e o barulho exterior a ocupar o silêncio interior. Queria amor num copo de vinho, saciar-me num cigarro e morrer na leitura. Queria tanta coisa e as nossas prioridades vão mudando freneticamente, consoante os tempos e as vontades.

 

Hoje, o amanhã, o eterno. Temos tempo, agora, e mesmo assim desperdiça-mo-lo em prol da preguiça e do nada fazer. Tantos projetos que poderíamos ter, concretizar, tantas coisas para fazer nascer, projetos para concretizar. Não quero mais ficar aqui, inerte, indiferente, parado num sofá sem nada para fazer com o tanto que me é permitido fazer. O tempo aproveitar da melhor maneira, escrevendo aquilo que o meu coração sente, lendo o que necessito para aprender, concentrando-me na minha eterna pessoa, aprendendo a amar-me mais e mais. Está na altura, é o tempo que não posso deixar de viver.

 

Meio cheio, meio lido, meio escrito. Tem de ser a positividade de um mundo tão meu. É este o tempo. Já perdi quem amava e o segredo mantém-se, matando-me interiormente. Chega, basta!

 

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